A ninguém é dado o direito de esquecer os anos de chumbo, com prisões arbitrárias, torturas e desaparecimento de presos políticos. Porém a Nação parece estar pagando preço excessivo pelos crimes da Ditadura. Depois das indenizações milionárias do jornalista Carlos Heitor Cony (1,5 milhões de reais mais uma “aposentadoria” de 19 mil reais) e do ex-dirigente sindical José Caetano Lavorato Alves (2,5 milhões de indenização mais uma “aposentadoria” de 19 mil reais), vieram a do jornalista Hermano Alves (2,1 milhões de reais mais uma “aposentadoria” de 14,7 mil reais) e José Augusto de Godoy (2,2 milhões de reais mais 12,4 mil reais por mês). O mérito é sempre o mesmo: eles não puderam exercer suas atividades jornalistas porque foram presos e ou cassados. O Ministro do Supremo Tribunal Federal Gilmar Mendes ofereceu voto em processo similar, acusando a generosidade da Comissão de Anistia do Ministério da Justiça de “exemplo de verdadeira distorção ou patologia, que muito se aproxima de um estelionato contra os cofres públicos pela via administrativa”.
É bom lembrar que essas indenizações são isentas de imposto de renda (o que, em tese, permitiria ao Tesouro recuperar pelo menos 27%), além do que, embora nunca tenham contribuído vão receber aposentadorias DEZ VEZES maiores que a maior aposentadoria do INSS e que, embora tenham trabalhado e recebido salários esses anos todos (eles não estavam presos e a lei da anistia é de 1979), eles não fizeram a compensação desses valores, como se, na realidade, pudessem estar em dois empregos ao mesmo tempo. Parte do equívoco também de que, se trabalhando ainda no extinto Correio da Manhã ou na falida Varig, estariam no topo da carreira. Enquanto isso a viúva do deputado do Rio Grande do Norte Luiz Ignácio Maranhão Filho, advogado do PC que foi prelo pelo DOI-Codi em 1974 e nunca mais foi visto, tenta receber judicialmente uma indenização de 500 mil reais para sobrevivência da família.
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