Já se foi o tempo em que quem gritava “O petróleo é nosso” eram nossos estudantes, nos anos mais acerbados Guerra Fria. O que Evo Morales está fazendo na Bolívia, hoje, Getúlio fez no Brasil, nos anos 40: a estatização das riquezas minerais (não confundir com expropriação de empresas, como foi o caso da ocupação das refinarias da Petrobrás). Pois o que pretende nada mais é do que usufruir de suas riquezas. Afinal, apenas uma sobretaxa de 18% sobre petróleo e gás fornece recursos ao governo mas não chega à população pois a máquina estatal é insaciável.
O que se quer dizer é que o resultado dessas riquezas não chega ao povo, aliás, como ocorre na Venezuela e no Oriente Médio, onde os sheiks são extremamente ricos mas o povo extremamente pobre. É cultivar o ovo da serpente. Aumentar a taxação do gás, de 18 para 80%, vai tornar o governo boliviano poderosamente mais rico e vai manter o povo tão pobre como sempre. Melhor obraria a Petrobrás se colocasse gás, gratuitamente, em cada residência boliviana. Assim, o povo partilharia diretamente de uma de suas riquezas.
Mais ainda: para provar que a Petrobrás não é apenas mais uma das “Sete Irmãs” (as grandes empresas petrolíferas que, nos anos 60, derrubavam governantes e colocavam fantoches para usurpar o petróleo local) deveria criar alguma obra de grande alcance social para o futuro da Bolívia, como manter uma universidade com matrículas preferenciais para índios e negros, com matérias de interesse daquele país. Afinal o Brasil só vai atingir a auto-suficiência em gás daqui a uns seis anos e, mesmo assim, não vai nunca conseguir atender 100% o consumo crescente sem novas descobertas, pois as jazidas se esgotam em 10 anos.
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