Noel Rosa já dizia que foi lá pelas bandas da Vila Isabel que tudo começou: tinha João Batista Viana Drumonnd, o Barão de Drumonnd, amigo do Imperador Pedro II, um minizoológico (eram 25 cabeças) e, para mantê-lo aberto ao público, recebia mensalmente uma subvenção. A queda do Império em 1889 deixou do Barão desamparado, recorrendo a uma simples ideia: cada visitante ganhava um número com a estampa de um bicho (10, por exemplo, vinha com o desenho de um coelho) e, no final do dia, poderia ganhar 20 vezes o valor do ingresso premiado. O que o pobre do Barão não sabia era que, numa terra de barnabés com baixos salários, a possibilidade de ganhar 20 vezes a aposta gerou uma demanda com apostadores que, mesmo sem visitar o zoo, faziam sua fezinha. Estava criado o jogo-do-bicho que logo tomou o país, bancado por uma nova figura no submundo, o banqueiro do bicho. O jogo sempre foi ilegal pois, sendo de azar, é proibido e o governo não vê como legalizá-lo, embora tenha criado dezenas de opções (lotos, quina, sena, mega-sena, rasgadinha, loteria instantânea.) Em 1944, um decreto-lei autorizou a exploração das loterias federais, pelo governo, a fim de angariar fundos para programas sociais e previdenciários. Em 1946, o Presidente Eurico Gaspar Dutra, por pressão de sua esposa Dona Santinha, fecha os cassinos. Em 1993 proliferam bingos graças à Lei Zico, destinada a financiar esportes alternativos. Em 1998, a Lei Pelé restringiu a legalidade dos bingos. Somente a União poderia autorizar o funcionamento. Hoje os bingos estão proibidos, para desespero de aposentados e viúvas e que viam na atividade a ocasião de sair de casa e partilhar suas esperanças solitárias, contar suas histórias, fazer novas amizades, em suma retornar ao circuito da vida.
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