Nada aproxima tanto um pai de seus filhos quando ele conta historinhas infantis, à beira da cama, antes de dormirem. Talvez porque estão satisfeitos (comeram, beberam, brincaram) materialmente, talvez porque naquele momento têm unicamente para si seu tão atarefado pai, ou talvez mesmo pela alegria em ouvir uma história, qualquer história, mesmo repetida. Criei para meus filhos dois personagens: um japonês perito em artes marciais, a quem dei o nome de Takanaka, e um índio aculturado, cheio de filosofia popular (do tipo pau que bate em Chico bate em Francisco) de nome Tucuruca. Juntos, enfrentavam as mesmas aventuras de Robson Cruzoé, de Batman, Zorro, Ali Babá. Eram leais, combativos, desassombrados, protetores dos humildes e praticavam o bem e sempre venciam. Andavam de porta- aviões, de submarino, nas pernas de pterodactilos e até de canoa. Enfrentavam jacarés e crocodilos, cataratas, enchentes, incêndios, qualquer desarranjo da natureza. Pouco dormiam, pouco comiam, muito lutavam.
Pois corra a fazer aquilo que talvez nunca mais tenha oportunidade! Lembre-se que a vida é curta e desperdiçá-la é pecado. Logo mais, quando os ponteiros do relógio de encontrarem e soarem a doze badaladas que indicam o Ano-Novo, dê uma guinada e abrace seu inimigo (mas sem esquecer de beijar os amigos). Se é fato de quem não tem inimigos também não tem amigos, também é fato que mudar de calçada depende muito mais de nós do que de outros. E não esqueça: quem corta a própria lenha se aquece duas vezes...
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