O nobre Presidente da República voltou a chocar a Nação com duas opiniões que melhor as tivesse guardado para si. Disse que o salário de ministro “é pouco” e que os usineiros são “herois”. Os ministros do governo Lula são recrutados unicamente entre políticos e empresários. Quando empresário o ex-Ministro não vai pescar baiacu no rio de Piracicaba, como fazia o presidente deposto Washington Luiz. Pelo contrário, vão à luta, com melhores salários, pois saem do governo com um background remunerado a peso de ouro pela iniciativa pesada.
Assim, na verdade, o “sacrifício” é um grande investimento no futuro profissional. Mesmo porque o salário de Ministro é de R$ 8.400,00, desde que não leve, consigo, o salário de deputado ou senador, cujo salário final ninguém conhece. Aliás, outro dia o Ministro do Supremo Marco Aurélio Mello provocou: trocava seu salário de Ministro (R$ 24.000,00) pelo de congressista (R$ 12.000,00 mais penduricalhos que podem chegar a R$ 50.000,00). Nenhum deputado ou senador topou o desafio. E como chamar de “herois” os usineiros de álcool? Como esquecer os bilhões de reais investidos pelo governo, sem retorno, no proálcool? Alguém aí sabe o que houve com aquela usina de álcool de mandioca, ali em Laguna, fechada há mais de 20 anos? Usineiro é aquele que, se o açúcar está com bom preço internacional, ele para de produzir álcool (milhões de motoristas deixaram seus carros a álcool nos anos 90 por falta de combustível. Tivemos até de importar um veneno chamado metanol). Quando o preço do açúcar lá fora despenca, o governo, aqui dentro, manda jogar mais álcool na gasolina, desregulando os motores.
Ou seja, usineiro não perde nunca. Inclusive fica se sabendo, agora, que um deles - o empresário do álcool Rubem Ometto - faz parte dos homens mais ricos do mundo, segundo a prestigiada revista Forbes, com uma fortuna de 2 bilhões de dólares. Empresários, sim, com muita audácia. Mas herois? De vagar que o santo é de barro.
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