Florianópolis, 2 (De Vanio Coelho, enviado especial) – “Estive recentemente no Oeste catarinense, na Reunião de Chapecó, onde pude estudar as necessidades da região. Os prefeitos, em sua totalidade, manifestaram-se contra a criação do chamado “Estado do Iguaçu”, por considerá-la como política suicida, alem de criar sério problema ao Paraná e Santa Catarina”, disse a reportagem o governador Celso Ramos, de Santa Catarina.
Esta Capital ignora o chamado “Movimento Popular”, e somente hoje teve conhecimento do tal “Estado”, com a publicação em um jornal local da oposição, de que “jornais cariocas e do Vale do Itajaí falam em secessão do Oeste catarinense e Sudoeste paranaense”.
NÃO HÁ DESCONTENTAMENTO
Um dos motivos que levaram o Ex-presidente Jânio Quadros a iniciar em Florianópolis a Reunião dos Governadores, foi por termos, ele e eu, os mesmos princípios administrativos: sentir no local a necessidade da região, disse o governador catarinense: “Meu governo, conforme prometido antes das eleições, e no Seminário Sócio-Econômico de Santa Catarina, seria regional. Assim, já governei no Norte (Joinvile, Itajaí. Blumenau e Brusque), no Sul (Tubarão. Laguna, Araranguá e Criciúma) e neste ano no Oeste (Chapecó, Xaxim e Xanxerê). Agora, quando fui instalar a Comarca de Dionísio Cerqueira, procurei auscultar a opinião popular e governamental – todos são unânimes no combate e repúdio ao separatismo. É verdade que estive em Pato Branco, no Paraná, porém apenas
como estágio, uma vez que era o único local de pouso mais próximo para meu avião, quando me dirigi a Dionísio Cerqueira. Soube também que alguns políticos interesseiros acenam à Chapecó, oferecendo a essa cidade catarinense a sede da Capital do “futuro Estado”, mas assim mesmo não existe qualquer receptividade”.
REIVINDICAÇÕES ATENDIDAS
Perguntado por que o Oeste catarinense é contra o separatismo, respondeu o governador Celso Ramos que as suas reivindicações foram atendidas, antes de serem feitas. “Dos 300 km de estradas planejados para este ano, 150 serão no Oeste, pois reconhecia e reconheço o valor econômico daquela região, e o abandono em que se encontravam. As primeiras escolas construídas em meu governo, o foram no Oeste; dessas, já inaugurei diversas, que funcionarão este ano. E como esses, outros problemas estão sendo resolvidos. Os catarinenses do Oeste sabem que não dou privilegio a prefeitos por partidarismo, e por isso eles me dão crédito de confiança, reconhecendo ainda que estou apenas há um ano de governo”.
O PROBLEMA PARANAENSE
Sobre o Sudoeste paranaense, disse o governador: - “Meu ilustre amigo governador Ney Braga, eu o sei, está fazendo tudo para atender aquela região conturbada. Quando estive em Pato Branco, em passagem para Dionísio Cerqueira, realmente observei cartaz e faixas sobre o “Estado de Iguaçu”. Mas observei também a não receptividade popular. Existe, lá como aqui, interesse eleitoreiro, eis a grande verdade. O Paraná enfrenta o grave problema de posseiros e terras, o que, em meu Estado, é muito menos intenso e problemático. Aqui, estamos desapropriando as terras, que não são tão valiosas como as paranaenses, e damo-las aos posseiros. Reclamam os paranaenses do Sudoeste (que não são nem catarinenses nem paranaenses os que reclamam, mas industriais alienígenas e grileiros egoístas) assistência do governo. Sei que Ney Braga a está dando, e em profusão, mas problemas acumulados por diversos anos e governos anteriores, não podem ser resolvidos em 12 meses. E sei também, e me rejubilo com isso, conforme observei, que o jovem governador tem ilimitado crédito de confiança de seus inúmeros eleitores, e do povo do Sudoeste”.
ESTADO DO PARANÁ. Curitiba, 3 de março de 1962
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